Bolsonaro leva Constituição Federal a depoimento no STF: 'Joguei dentro das quatro linhas' 33261x
Ex-presidente depõe nesta terça-feira em ação que apura planejamento de golpe de Estado 4m1l2k
Com a garganta seca, respiração ofegante e diversos papéis em sua mesa, Jair Bolsonaro (PL) depõe no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta terça-feira, 10, na ação que apura o planejamento de um golpe de Estado. O ex-presidente também fez questão de levar um exemplar da Constituição Federal, que segurava nas mãos para apoiar sua defesa de que "jogou dentro das quatro linhas". 2f3o2a
O interrogatório, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso no STF, começou trazendo à tona acusações de fraudes nas eleições e nas urnas eletrônicas feitas por Bolsonaro ao longo dos últimos anos. Moraes perguntou qual o fundamento das alegações. Bolsonaro deu voltas em seu discurso e se defendeu.
“Não me viram, em nenhum momento, eu agindo contra a Constituição. Eu joguei dentro das quatro linhas o tempo todo. Muitas vezes me revoltava, falando palavrão. Falava o que não devia falar. Sei disso. Mas, no meu entender, fiz aquilo que tinha de ser feito”, disse o ex-presidente, que em vários momentos de seu depoimento usou a palavra Constituição e, em algumas delas, até exibiu um exempla da lei fundamental.
Moraes relembrou falas de Bolsonaro ditas em reunião ministerial em 2022, que foi gravada sem o conhecimento do ex-presidente, onde foram feitos diversos ataques à Justiça Eleitoral e a ministros do Supremo.
A Moraes, Bolsonaro disse que não tinha provas e disse que afirmações eram “desabafos”. “A minha retórica me levou a falar dessa maneira. Essa reunião não era para ter sido gravada. Era algo reservado. Alguém gravou, no meu entender, de má-fé. Essa foi a minha retórica que usei muito enquanto deputado e depois como presidente buscando o voto impresso”, respondeu o ex-presidente.
Como argumento de possíveis dúvidas em torno da segurança das urnas eletrônicas e da legitimidade das eleições, Bolsonaro leu frases referenciadas à Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), que afirmariam que "todo sistema eletrônico/computacional possui vulnerabilidade".
A associação, porém, já se posicionou sobre a questão. Em nota de esclarecimento publicada em 2021, por exemplo, explicou que "peritos criminais federais, assim como diversos outros especialistas de instituições renomadas, têm participado de testes públicos de segurança promovidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e abertos a qualquer cidadão, cujos objetivos são buscar o contínuo aperfeiçoamento das urnas eletrônicas".
Segundo a APCF, "a identificação de falhas e vulnerabilidades não permite afirmar que houve, há ou haverá fraudes nas eleições". Isso porque, no caso, o intuito é apontar "ajustes e aperfeiçoamentos necessários para a continuidade do curso normal das eleições"
"Até o momento, não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras", destacou a associação, que se apresentou como uma defensora do uso da urna eletrônica.
Interrogatórios 605j1w
O Supremo Tribunal Federal retomou nesta terça-feira os interrogatórios dos acusados de participar de uma trama golpista para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro na presidência após a derrota nas eleições de 2022. O primeiro interrogado do dia foi Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, seguido de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e Augusto Heleno, general e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Depois foi a vez de Jair Bolsonaro. O último interrogado até o momento foi o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
Conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, os depoimentos desta terça avançam na linha de reconstrução da dinâmica interna do governo e do papel das Forças Armadas no suposto plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As oitivas ocorrem em audiência presencial, na sala de sessões da Primeira Turma do STF, em Brasília, que foi adaptada especialmente para esta etapa processual.